quarta-feira, 27 de março de 2013

Soneto Dramático de Artur Azevedo

No Dia Mundial do Teatro 

Artur Azevedo
 
(1855 - 1908)

"O Incesto". Drama em 3 atos. Ato primeiro:
Jardim. Velho castelo iluminado ao fundo.
O cavaleiro jura um casto amor profundo,
E a castelã resiste... Um fâmulo matreiro

Vem dizer que o barão suspeita o cavaleiro...
Ele foge, ela grita... — Apito! — Ato segundo:
Um salão do castelo. O barão, iracundo,
Sabe de tudo... Horror! Vingança! — Ato terceiro:

Em casa do galã, que, sentado, trabalha,
Entra o barão armado e diz: "Morre, tirano,
Que me roubaste a honra e me roubaste o amor!"

O mancebo descobre o peito. — "Uma medalha!
Quem ta deu?!" — "Minha mãe!" — "Meu filho!" Cai o pano...
À cena o autor! à cena o autor! à cena o autor!
 
 


quarta-feira, 20 de março de 2013

Esperança na Primavera

 




É mais uma primavera,
Nós costumamos dizer,
Completando um ano mais
No mundo onde é bom viver.
 
Mas será assim para todos?
Esta 'stranha humanidade
Que em busca de paz tem guerra
Será feliz, de verdade?
 
Bravos, firmes, revoltados
Exigimos primavera,
Em batalhas fratricidas
Que à Nossa Mãe desespera.
 
Rendam-se as forças do mal,
A Paz venha duradoura.
E a primavera se assuma
Na nossa estação vindoura.
 
Cesse o inverno teimoso,
Enfim, pare o mau querer,
E desde o nascer do dia
Brote o amor em cada ser.
 
A Criação volte amena,
O Sol a brilhar nos céus,
As plantas a florescer
E as aves cantando a Deus.
 
Maria da Fonseca


sexta-feira, 8 de março de 2013

Nasci Mulher

 
 
 



Nasci mulher e não flor
Porque Deus assim o quis.
Surgi dum ato de amor
E não cheguei de Paris.

 
Sou mulher e não gaivota,
Foi assim como Deus quis.
Asas não me deu prà rota
Mas amor pra ser feliz.

 
Assim como Eva criou,
Mulher companheira e mãe
Da família que espalhou
Por todo este mundo além,

 
Deus determinou ainda
Que eu nascesse mulher,
Dando-me esta missão linda
De lutar p’lo que se quer.

 
E este dia tão formoso
Porque à mulher dedicado,
Tornemo-lo mais honroso
Ao lançar o nosso brado:

 
Dai-nos forças, meu Senhor,
Pra ajudar na Criação.
Só no mundo o Teu Amor
Pode trazer salvação.
 
Maria da Fonseca


quinta-feira, 7 de março de 2013

Memória

 
 
 
 
 
Contorna o grande Cabo
De S. Vicente chamado,
A altura da falésia,
Por Deus Pai assim criado.
 
Recordar o Sol brilhante
A espelhar a dimensão
Desse mar, que fascinava
Num lindo dia de V’rão.
 
E lembrar o azul do céu
No pélago, refletido,
Com o marulho das vagas
A perdurar no ouvido.
 
O ar puro e até salgado
‘Inda na face sentir,
E a brisa do sudoeste,
Co’o meu cabelo a bulir.
 
Guardo na minha memória
O horizonte envolvido,
Do Infante, a inspiração,
Pela aventura atraído.
 
Maria da Fonseca



segunda-feira, 4 de março de 2013

A Minha Laranjeira

 
 
 

Cada dia eu desejo,
Quando te fico a olhar,
Ver como aceitas o beijo
Do Sol que te ama abraçar.
 
Há três anos que aqui vives,
'Stás bonita, altaneira,
Tu cresces e sobrevives,
A lutar a vida inteira.
 
Cheiinha de brancas flores
Que tão efémeras, são,
Surgem depois os primores
Nos frutos verdes de então.
 
E laranjas possuis já,
Maduras, de bela côr,
Que o inverno que aqui 'stá
Não te impediu de compor.
 
Só não sei como explicar
Porque as folhas vão caindo.
Continuas a vingar
E a tudo resistindo.
 
Pequenas folhas novinhas
A rebentar também tens.
Vêm render as velhinhas
Que, sem forças, não manténs?!
  
Eu tento ainda amparar
Milagre da Natureza.
A minha árvore ajudar
Pra que não perca a beleza.
 
Tenho-me preocupado,
Poderás estar doente?
Que Nosso Senhor louvado,
Com todos seja clemente!
 
Maria da Fonseca


sexta-feira, 1 de março de 2013

Por Amor

 
 
 
 
 
Por amor a mim morreste,
Ó Jesus, Crucificado.
Aos infernos, Tu desceste.
A seguir, Ressuscitado!

 
Por amor devo sofrer
Tudo o que me destinaste.
Com amor agradecer
Todo o bem que me ofertaste.

 
Por amor, por devoção,
Empenho minha vontade
E rezo a minha oração
Pela Paz, Fraternidade.

 
Pelo Teu Divino Amor
A todos amo e venero,
E dedico-Te, Senhor,
Todo o meu viver sincero.
 
Maria da Fonseca